segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Fédon - Platão


Fédon é uma obra do eminente filósofo Platão, que narra os momentos finais da vida de seu mestre, Sócrates, antes deste tomar a cicuta. Não se sabe ao certo o ano da obra, mas é consensual a sua inclusão no período de diálogos de maturidade, no qual o pensamento platônico já estava bem estruturado.

Alguns estudiosos acreditam que Sócrates não existiu na realidade, sendo apenas um personagem criado por Platão para ilustrar seus pensamentos. Outra corrente de pesquisadores afirma que Sócrates existiu, mas não deixou nenhuma obra literária, porque na sua época a transmissão do conhecimento era feita, essencialmente, pela via oral. Além disso, Sócrates julgava nada saber. Imortalizar seus pensamentos em uma obra literária seria uma atitude imprudente, pois a escrita fecha o conhecimento, deixando-o de forma acabada, escravizando o autor às suas palavras. Se as afirmações contidas nos textos contemplassem o erro, a escrita garantiria a perpetuação e a propagação de tais equívocos. Mas esta é uma discussão para outro momento.

Em Fédon, Sócrates trava um interessante diálogo com alguns discípulos sobre a alma e sua destinação, sobre a morte e sobre o mundo das ideias. A serenidade demonstrada pelo filósofo nos instantes que precediam sua própria morte impressionava seus discípulos. Como pode um homem estar tão calmo sabendo que em breve estará morto? Sócrates respondia com outra pergunta: "o exercício próprio dos filósofos não é precisamente libertar a alma e afastá-la do corpo?” O corpo era visto como uma prisão, que restringia as potencialidades do ser.

A confiança que Sócrates tinha na imortalidade da alma e na bem aventurança dos justos era a razão de sua tranquilidade. É interessante ler os argumentos que levam o filósofo a crer na vida pós morte. O primeiro deles é a Alternância dos Opostos (geração circular dos contrários). O segundo é a Teoria da Reminiscência, que nos diz que todo processo de conhecimento consiste numa recordação. Há, ainda, a Teoria da Participação, que admite a existência de um Igual, de um Bom, de um Belo, como ideias cuja realidade é independente e superior à representação sensível. Interessante também é ler os questionamentos feitos pelos discípulos à forma de pensar do seu mestre.

Esta obra é, sem dúvidas, um prato cheio para os amantes da filosofia.

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