sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"A felicidade, desesperadamente" - André Comte-Sponville


Quem não tem vontade de ser feliz? Para aqueles que se associam à filosofia dos textos bíblicos, ao lerem o Eclesiastes é possível construir a ideia de que "a felicidade, absolutamente, não é deste mundo". Mas, ainda que se tenha um pensamento sobre a impossibilidade de estar vivo e ser feliz por completo, há uma tendência humana natural de buscar a felicidade na medida máxima das próprias capacidades.

É justamente sobre esses termos que, filosoficamente, André Comte-Sponville fala em seu livro A felicidade, desesperadamente. E se há muitos outros autores que adentram em reflexões sobre o assunto, Sponville opta pelo tratamento do tema de um modo "complexamente simples", isso é, o conteúdo profundo de seu raciocínio dispensa o apoio dos típicos discursos intrincados de muitos filósofos. Mesmo para os leigos, de certa forma, o seu verbo filosófico soa fácil, natural e espontâneo, tornando inteligível a discussão histórico-filosófica acerca da felicidade.

De Sócrates, Platão e Spinoza, até o consumismo e o "corpocentrismo" da modernidade, várias foram as noções de felicidade tecidas ao longo do tempo. E, percorrendo essa viagem, chegamos ao final, juntamente com Sponville, construindo o nosso próprio conceito de felicidade.

Como conclusão, um dos pontos mais interessantes. Novamente uma referência bíblica, não obstante feita por um filósofo francês ateu. Ele evidencia a vida evangélica de Jesus conhecida, estabelecendo a caridade, em toda a sua acepção, como o meio, enfim, de alcançar a felicidade. Nesse sentido ele diz: "Logo, o verdadeiro conteúdo da felicidade é a alegria, pelo menos a alegria possível. Ora, toda alegria tem uma causa: toda alegria é amor. Quando nos regozijamos, é isso que se chama amor. Não necessariamente a paixão amorosa, não a falta, não o amor que toma conta, que quer possuir, guardar; mas o amor que se regozija e compartilha".

"Os gregos não o chamavam de eros, mas de philia. Os gregos mais tardios – na realidade, judeus que falavam grego para se fazerem compreender – chamavam issode, o que os latinos traduziram por caritas, e nós, por charité (caridade): amar não quem nos falta, mas quem não nos falta, quem nunca falta, o próximo" (o ser humano).

É, então, por estas e outras que fica a dica de mais uma Sugestão de Leitura!

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