sexta-feira, 20 de maio de 2011

Experiência de Quase-Morte (EQM)


Mesmo em um dia diferente do habitual, muitas pessoas compareceram ao encontro do NASCE sobre EQM.

Com propriedade de quem está constantemente estudando o tema e de quem pode observar na prática esse tipo de experiência, o Dr. Osvaldo Hely nos brindou com um momento bastante enriquecedor.

Embora acostumado a lidar com a morte em sua experiência como cardiologista, ele nos relatou não se sentir pleno até hoje para encarar tranquilamente certas experiências, aprendendo constantemente com as situações que surgem. Segundo o palestrante, um dos motivos que agravam a incapacidade do profissional de bem administrar ocorrências de morte é o pouco diálogo sobre o assunto na formação médica.

Certos casos que pareceriam compor essa lista de óbitos possuem, no entanto, um fim diferente. Há pacientes que apresentam quadro de morte clínica após parada cardiorrespiratória, mas voltam à vida.

Várias vezes nas situações citadas acima, os pacientes exibem relatos que seguem certo padrão. Eles se vêem fora do corpo físico, mas se enxergam com uma espécie de duplo corpóreo dele. São capazes de perceber e memorizar o que se passa no local onde há a tentativa de ressuscitação, assim como os fatos que ocorrem em ambientes vizinhos, incluindo conversas, gestos, pessoas presentes, roupas usadas, etc.

Além desses relatos, esses pacientes dizem que um filme de suas vidas passa em suas mentes, descrevendo também, normalmente, a visualização de uma luz intensa, um encontro com pessoas que já morreram e com um ser iluminado. O tipo de episódio, repleto dessas circunstâncias, é denominado Experiência de Quase-Morte.

A EQM acomete ambos os sexos de forma igual e possui incidência tanto em adultos quanto em crianças. Dentre as suas consequências, verifica-se um quadro de transformação positiva na personalidade dos indivíduos que experienciaram o episódio. Eles se tornam "emocionalmente mais sensíveis e empáticos, com intuição aumentada, sem temor da morte e com maior crença na vida após a morte", afirma Pim Van Lommel, eminente pesquisador da área.

Muitas são as tentativas de se explicar as EQM's, com interessantes propostas formuladas pela neurociência e por correntes psicológicas. Ambas, no entanto, não conseguem explicar todos os quadros que essas experiências abrangem. Desse modo, as explicações mais completas e racionais remetem a um cenário já divisado por religiosos de todas as culturas há tempos, correspondente à existência de uma realidade de vida além da matéria.

O que ganhou conatação de antagônico ao longo dos últimos tempos parece agora clamar por uma reconecção. Ciência e religião, depois de embates históricos, demonstram hoje convergência de raciocínio em vários aspectos. A física quântica, por exemplo, vem trazer para a contemporaneidade novos paradigmas, demarcando a possibilidade de ocorrências que antes a ciência supunha como absurdas, consolidando um contexto no qual a pluralidade de dimensões passa a ser verdadeira não apenas no âmbito religioso.

Longe de preconceitos, o compromisso da ciência deve ser com a verdade. Felizmente, assim como no passado houve quem vencesse os consensos autoritários, em verdadeiros pactos com a ciência, os tempos atuais também possuem vários profissionais que se entregam fielmente à causa.  Logo, não se poderia encerrar sem a reflexão do já mencionado pesquisador holandês:
"Na falta de evidência para qualquer outra teoria que explique a EQM, o conceito sempre assumido e nunca provado que consciência e memória são localizados no cérebro deve ser discutido. Como poderia uma clara consciência ser experimentada, fora do corpo, no momento em que o cérebro é afetado por uma parada cardíaca e o eletroencefalograma mostra-se plano? A EQM impulsiona os limites das idéias médicas acerca da extensão da consciência humana e da relação mente-cérebro."

Clique abaixo para visualizar:
- a apresentação em powerpoint exibida no encontro;
- o artigo do Pim Van Lommel, citado na apresentação;
- o artigo do Parnia e Fenwick, citado na apresentação;
- um artigo de revisão, do Bruce Greyson, publicado na Revista de Psiquiatria Clínica.

2 comentários:

  1. Eu gostaria de me submeter a uma parada cardiorespiratória induzida, sob controle médico, por uns 2 minutos e depois ser reanimado e, assim, relatar o que ocorreu.
    Sou professor de Física e tenho um grande interesse nesse tema desde que assisti no cinema, ainda menino, o documentário Vida depois da vida, do Dr. Raymond Moody Jr.

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  2. Mas se você fizer isso e não voltar, pode ser suicídio, pois foi feito por sua vontade, aceitando os prováveis riscos.

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